top of page
Revista Crescer

1 em cada 5 adolescentes usa melatonina para dormir, diz estudo.

 

Fonte: Revista Crescer / Amanda Moraes


Fazendo lista de tarefas

As crianças mais novas – incluindo 18% das crianças do ensino fundamental – também recebem melatonina dos pais para pegarem no sono com mais facilidade.


Seja em formato de comprimido, ursinho ou até bala de goma, não é de hoje que a melatonina tem sido vendida como uma solução perfeita para pais com filhos que têm dificuldade para pegar no sono. Inclusive, o uso regular de melatonina para ajudar as crianças a dormir tornou-se “extremamente comum”, segundo uma pesquisa publicada na revista científica JAMA Pediatrics. De acordo com o estudo, quase 1 em cada 5 adolescentes (19%) faz uso do suplemento.

 

E os pequenos não ficam de fora. O levantamento apontou que cerca de 6% das crianças em idade pré-escolar, de 1 a 4 anos, e 18% das crianças do ensino fundamental, entre 5 e 9 anos, estão recebendo melatonina dos pais como um auxílio para dormir, na maioria das vezes na forma de gomas ou comprimidos para mastigar. As descobertas foram baseadas em informações dos pais de 993 crianças com idade entre 1 e 14 anos.

 

O que é a melatonina?

A melatonina é um hormônio (conhecido como “hormônio do sono”) secretado pelo corpo (mais precisamente pela glândula endócrina pineal, que fica no cérebro), ao anoitecer, que funciona como uma espécie de regulador do relógio biológico e induz à sonolência. Ou seja, a escuridão é um gatilho para a atividade dessa glândula, e, com a luz, ao amanhecer, ela é interrompida.

 

Já a melatonina exógena é aquela produzida pelos laboratórios, e não é exatamente igual a que produzimos, vale saber. Nos Estados Unidos, a substância é vendida livremente nas farmácias na forma de líquidos, gomas mastigáveis, cápsulas e comprimidos, todos com instruções de dosagem diferentes.

 

Afinal, pode dar melatonina para crianças e adolescentes?

No Brasil, em outubro de 2021, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a venda da substância na forma de suplemento alimentar — assim como já acontece nos Estados Unidos, pela Food and Drug Administration (FDA, na sigla em inglês) —, com a seguinte ressalva: “Os suplementos de melatonina deverão conter advertência de que o produto não deve ser consumido por gestantes, lactantes, crianças e pessoas envolvidas em atividades que requerem atenção constante.”

 

A Academia Americana de Medicina do Sono (AASM) também emitiu, em 2022, um comunicado em que incentiva os pais a discutirem questões de sono com o pediatra de seus filhos antes de experimentarem a melatonina. Além disso, a instituição diz que só deve ser administrada com orientação médica.

 

A AASM também orienta que o uso de melatonina pelas crianças deve ser considerado apenas como uma ajuda de curto prazo para estabelecer boas rotinas na hora de dormir ou redefinir os horários de sono após as férias escolares ou férias de verão.


O estudo publicado na JAMA Pediatrics, no entanto, mostrou que o uso de melatonina geralmente era regular, com crianças em idade pré-escolar tomando o suplemento por 12 meses, crianças do ensino fundamental por 18 e adolescentes por 21. Foi destacado que existem poucas pesquisas sobre a segurança a longo prazo do uso de melatonina pela população pediátrica.


O maior problema é a falta de regulação. Como a melatonina é vendida como suplemento alimentar, os órgãos de vigilância sanitária não conseguem fiscalizá-la como fazem com medicamentos. "O perigo é que o que você compra no balcão nessas lojas de suplementos nem sempre é o que está escrito.


A dosagem pode não ser a que está na embalagem e pode ser que nem seja só melatonina, pode ser que tenham outras substâncias misturadas", explicou o pediatra Gustavo Moreira, pesquisador do Instituto do Sono (SP).

 

Vale lembrar que, por ser um hormônio, é algo que mexe com o organismo todo da criança, por isso, é preciso ter cuidado. "Não existe um estudo longo que comprove os benefícios e malefícios do uso da melatonina, mas ela pode ter efeito a curto e a longo prazo", afirmou o médico.






11 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comments


bottom of page