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Autismo: bebês têm diferenças no cérebro que podem ser identificadas ainda no útero, sugere estudo.

Fonte: Revista Crescer

Pesquisa da Universidade de Harvard aponta que o lobo da ínsula, área do cérebro envolvida no comportamento social e na tomada de decisões, é maior em bebês no espectro autista desde a gestação.


Bebês com transtorno do espectro autista (TEA) têm diferenças no cérebro que podem ser identificadas ainda no útero, sugere estudo da Universidade de Harvard (Estados Unidos) publicado nesta terça-feira (5). Os pesquisadores analisaram exames de ressonância magnética realizados em 39 bebês durante a gestação – nove deles diagnosticados com autismo durante a infância – e concluíram que os pequenos com

TEA tinham o lobo da ínsula, maior que o de crianças neurotípicas.


Essa área do cérebro é uma das envolvidas na supervisão do comportamento social e da tomada de decisões, duas coisas com as quais muitas pessoas autistas têm dificuldade para lidar. As descobertas sugerem que um lobo da ínsula maior do que o comum é um biomarcador “forte” para prever durante a gestação quais bebês desenvolverão autismo no futuro.


Os exames nos pequenos com autismo também apresentaram, em comparação com os outros participante do estudo, uma amígdala cerebral maior (área envolvida no processamento de emoções) e um aumento do hipocampo (região necessária para memória e aprendizado). As alterações, porém, não foram tão significativas quanto as verificadas no lobo da ínsula.


De acordo com os pesquisadores, os resultados estão alinhados com outros estudos recentes, que detectaram diferenças em algumas partes do cérebro de adultos com autismo. Em nota, a médica radiologista Alpen Ortug, principal autora do estudo, ressalta que a descoberta pode ajudar a identificar os primeiros sinais de anormalidades cerebrais em pacientes com autismo, ajudando a esclarecer os "muitos fatores genéticos e ambientais por trás do transtorno".


A autora destaca, ainda, que a detecção precoce do autismo significa

um melhor tratamento.


A ciência ainda não conhece exatamente todos os fatores que levam ao autismo, mas já está provado que ele envolve fatores genéticos e ambientais. Estudos sugerem que o transtorno é mais comum em filhos de pais mais velhos, assim como em mães que estão acima do peso ou sofrem complicações na gravidez. As crianças afetadas podem ter um interesse intenso por tópicos específicos, além de dificuldades para estabelecer contato visual e entender como os outros se sentem.


Cerca de uma em cada 44 crianças se enquadra no espectro, de acordo com dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos. Atualmente, o diagnóstico só pode ser realizado a partir de 18 meses.


Palavra de especialista

De acordo com Clay Brites, pediatra, neurologista infantil e um dos fundadores do Instituto NeuroSaber (PR), o estudo tem "boa qualidade técnica" e utiliza parâmetros de neuroimagem, mas ainda é muito cedo para demonstrar que esse tipo de alteração anatômica vista nos exames seja um preditor de autismo. "A pesquisa trabalhou com um grupo muito pequeno e não se deve extrapolar seus resultados para a população em geral", explica.


"Atualmente, ainda é impossível diagnosticar uma criança com autismo sem avaliá-la no ambiente natural depois do parto. A vigilância para sintomas de autismo nos primeiros 18 meses deve ser feita independentemente dos exames pré-natais e esse rastreio já é considerado eficiente. Exames de imagem nos ajudam a entender quais áreas do cérebro são mais afetadas em uma criança com autismo, mas ainda não é possível determinar se um dia eles terão relevância para o diagnóstico do transtorno", acrescentou o especialista.



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