Fonte: Afinando o Cérebro
Você já parou para pensar na quantidade de sons à nossa volta e como eles influenciam o modo como lidamos com as informações que chegam até nós?
Imagine-se em um restaurante, tentando prestar atenção no que as pessoas da sua mesa falam, enquanto realiza o seu pedido atento às opções que são dadas pelo garçom, tentando não dar atenção aos ruídos que estão em volta como o barulho que vem da cozinha, o celular que toca na mesa ao lado, o som de outras pessoas conversando e até mesmo a buzina de um carro que está passando pela rua. Se é difícil para um adulto lidar com tantas informações sonoras, imagine para uma criança em uma sala de aula, por exemplo.
Todos esses sons que descrevemos na situação do restaurante são chamados de competição sonora e podem de alguma maneira afetar as habilidades auditivas que são responsáveis pela detecção e interpretação dos sons. São as habilidades auditivas que nos permitem uma comunicação eficiente para que consigamos prestar atenção, discriminar, organizar, associar, integrar e armazenar o que ouvimos, para então compreendermos o significado das mensagens corretamente.
Se o seu paciente apresenta dificuldade em perceber a prosódia da fala, se expressar com clareza, comunicar e prestar atenção em ambientes ruidosos ele pode ter alguma alteração nas habilidades auditivas. Quando essas habilidades alteradas não são estimuladas de forma correta, podem levar ao transtorno no processamento auditivo central.
O transtorno do processamento auditivo central está relacionado a dificuldades no processamento perceptivo da informação auditiva no sistema nervoso central, que afetam o desempenho de uma ou mais habilidades auditivas, gerando falhas na compreensão da mensagem sonora recebida.
Entenda as habilidades auditivas
As habilidades auditivas podem ser agrupadas em cinco áreas gerais: atenção, discriminação, associação, integração e organização. Quando há alteração no processamento auditivo central, as principais habilidades afetadas são:
Localização sonora: capacidade que o cérebro tem de localizar a direção de onde vem determinado som. Esta é uma habilidade necessária em diversos momentos de nossa rotina, como na sala de aula, quando o professor começa a explicar uma matéria e precisamos direcionar nossa atenção, ou para manter o foco de atenção em uma pessoa, quando há outros estímulos sonoros no ambiente.
Resolução temporal: percepção de variações do som em uma pequena amostra de tempo. Essas variações podem envolver mudanças na intensidade, frequência e duração dos estímulos. É uma habilidade que nos permite perceber as diferenças entre os sons produzidos a partir de movimentos parecidos, mas que diferenciam sílabas e palavras como “pato” e “bato” ou variações de ênfases, como sílabas tônicas ou terminações interrogativas, afirmativas e exclamativas.
Fechamento auditivo: nos ajuda a entender o que foi dito quando a qualidade do som não é muito boa, quando o som é distorcido ou completar informações que estão faltando dentro de um contexto. Precisamos dessa habilidade em situações como a escola, quando o professor explica a matéria e você se distrai perdendo uma palavra e precisa voltar a prestar atenção no que foi dito, e até mesmo para conseguir compreender uma pessoa que está gripada ou com a voz rouca.
Figura-Fundo: é a habilidade necessária para que possamos compreender a comunicação quando o ambiente está ruidoso. Por exemplo, quando você está ouvindo uma música e um amigo está falando ao mesmo tempo ou na escola, quando o professor está falando e ao redor existem sons competitivos vindos do corredor ou da rua, por exemplo. Nessas situações o cérebro precisa ser capaz de selecionar a informação que julgamos mais importante.
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