Escrita à mão ou digital? Estudo revela método que mais estimula cérebro das crianças.
- Revista Crescer
- há 15 horas
- 3 min de leitura
Fonte: Revista Crescer

Pesquisadores da Universidade do País Basco avaliaram o impacto da escrita manual na alfabetização das crianças de 5 a 6 anos. Escrita à mão ou digital?
Saiba mais sobre os achados do estudo
A tecnologia está cada vez mais presente nas salas de aula, impactando de forma significativa o aprendizado dos pequenos. Mas será que esses recursos digitais são efetivos? Ao tentar responder a essa questão, pesquisadores da Universidade do País Basco (UPV/EHU) chegaram à conclusão de que, ao comparar o lápis com o teclado, as crianças que escrevem à mão apresentaram melhores resultados durante o processo de alfabetização.
Publicado no periódico acadêmico Journal of Experimental Child Psychology, o trabalho avaliou o desempenho dos estudantes ao longo de treinamentos realizados no computador e comparou com os dados dos alunos alfabetizados por meio da escrita manual.
“À medida que as crianças escrevem cada vez menos à mão, queríamos explorar o impacto disso nas habilidades alfabéticas e ortográficas. Em outras palavras, queríamos ver se a capacidade de aprender letras e assimilar e lembrar a estrutura das palavras se desenvolve de maneira diferente por meio do treinamento manual ou do uso de teclados.
Concluímos que as crianças que usaram as mãos obtiveram os melhores resultados”, explicou Joana Acha, autora do estudo.
Como o estudo foi realizado?
O estudo contou com a participação de 50 crianças de 5 a 6 anos — momento em que os pequenos estão em constante desenvolvimento e começam a adquirir a capacidade de ler e escrever. Os participantes aprenderam nove letras dos alfabetos georgiano e armênio, bem como 16 pseudopalavras inventadas pelos pesquisadores combinando as letras.
Segundo a pesquisadora, o objetivo era usar letras e palavras completamente novas para as crianças, garantindo que elas estivessem aprendendo do zero. “De fato, os estudos realizados até agora utilizaram os alfabetos na cultura infantil, por isso não é tão fácil descobrir até que ponto elas não conheciam os símbolos apresentados”, afirma Acha.
Para analisar os resultados, os pesquisadores dividiram as crianças em dois grupos: metade copiou as letras e palavras à mão, enquanto o restante realizou os exercícios com teclado. O intuito era avaliar qual seria o efeito do movimento da mão no processo de leitura e escrita.
“Após ensinarmos a cada grupo de crianças as novas letras e palavras e treiná-las usando um método, nós as submetemos a três testes para avaliar o conhecimento adquirido. Medimos sua capacidade de identificar, escrever e pronunciar as letras e as pseudopalavras, e os resultados indicaram claramente que aqueles que praticaram manualmente desenvolveram maior habilidade”, destaca a autora do estudo.
Os dados ainda evidenciaram que quase todas as crianças que aprenderam no computador não completaram os exercícios sobre sequências de letras corretamente. “Nosso trabalho confirma que a função grafomotora é essencial na memorização de letras e estruturas de palavras”, diz a professora da Faculdade de Psicologia na Universidade do País Basco.
Variabilidade das letras
Além da função grafomotora, os pesquisadores avaliaram o impacto da variação na forma das letras durante o aprendizado. Desse modo, as crianças foram divididas em grupos menores:
Escrita à mão
Baixa variabilidade: nesse grupo, as crianças receberam guias com pequenos pontos para seguir enquanto escreviam, mostrando que elas tinham um padrão fixo para copiar.
Alta variabilidade: outras crianças não tinham nenhum guia e copiavam livremente as letras, o que exigia mais esforço para memorizar e reproduzir os formatos adequadamente.
Escrita com o teclado
Baixa variabilidade: algumas crianças sempre treinavam com a mesma fonte (como, por exemplo, Tahoma).
Alta variabilidade: outras crianças usaram diferentes fontes, tendo contato com as letras em vários estilos e formatos.
Conclusão
Os pesquisadores identificaram que as crianças que praticavam a escrita à mão apresentaram melhores resultados em comparação com os participantes que usaram o computador.
No entanto, um dado chamou a atenção. Considerando somente o grupo de escrita à mão, aqueles que praticaram o exercício de forma livre apresentaram melhor desempenho.
De acordo com a pesquisadora, os guias podem ajudar as crianças a traçar as letras no início da alfabetização, mas é preciso deixar de usar esse método quando os alunos já são capazes de fazer movimentos mais ou menos pequenos e precisos.
“Fica mais claro é a necessidade de priorizar a prática manual nos processos de aprendizagem. Eles aprendem melhor com os movimentos das mãos e, portanto, os dispositivos tecnológicos devem ser usados apenas de forma complementar”, a pesquisadora concluiu.
Comments