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Provocações Filosóficas

O Novo Normal.


Fonte: Gabriel Fraga / Provocações Filosóficas


Se tem uma coisa que essa pandemia fez foi mudar o nosso dia a dia, as pessoas se preocupam mais com higiene, distanciamento e sair sem máscara é como sair sem roupa, por conta dessas e outras mudanças, estão chamando o agora de o novo normal.


O engraçado é que como o que é normal pode mudar? Geralmente consideramos como normal algo que não muda, mas não existe nada nesse mundo que não possa mudar.


Quando a gente nasce, nos é apresentado o mundo de uma maneira, nós aprendemos sobre ele dessa mesma maneira e vivemos baseados nisso.


Somos ensinados a ver as coisas como se nunca mudassem, como se tudo sempre esteve ali e sempre vai estar.

Mas achar que as coisas simplesmente são o que são, é um erro, o mundo foi feito como ele é hoje, mas poderia ser feito diferente, já foi diferente um dia, e será diferente no futuro.


E eu não estou me referindo apenas às estruturas, prédios e cidades, a real mudança está nos costumes, na cultura e na maneira de pensar e de se comportar do ser humano.


Hoje por exemplo é extremamente normal andar com smartphones, inclusive pessoas que nasceram na época da televisão preta e branco, passaram pela novidade da TV em cores e viram o surgimento da ideia absurda da internet, hoje estão com celulares nas mãos.


Não precisa nem voltar muito no tempo, a 50 anos atrás se você descrevesse a sociedade atual, com carros elétricos e autônomos, foguetes pousando em pé e principalmente a nossa vida ser tão virtual, com certeza iriam chamar você de maluco e dizer que nada disso é normal.


Mas o que mais mexe com a nossa cabeça nem são as mudanças estruturais e tecnológicas do mundo, mas sim as mudanças sociais e culturais, essas são muito mais difíceis de serem aceitas pelas pessoas.

Essa mesma pessoa que nasceu vendo TV em preto e branco e hoje usa muito bem um smartphone, provavelmente não aceita bem algumas mudanças sociais que aconteceram nesse mesmo período.


A ideia do que é normal quando levada para questões sociais, culturais de comportamento, ganham também o status de certo e errado. Daí as coisas não são só normais como também são o certo a se fazer ou ser.

A partir desse pensamento começam grande parte dos problemas entre as pessoas, entre gerações e entre crenças. Cada um vai defender suas crenças como imutáveis, como o jeito certo de se viver.


De certo ponto é possível entender o motivo disso, para algumas pessoas, entender e aceitar a maneira completamente diferente como o outro vive pode significar que a maneira como você vive pode estar errada.

Mas acredito que se tratando de como cada um vive a própria vida não existe certo ou errado, só existem maneiras diferentes de passar por esse mundo.


Mas tenha cuidado com as certezas que você tem na vida, dos muitos significados que a sabedoria pode ter, eu digo que sabedoria é envelhecer com mais dúvidas sobre a vida do que respostas.


Pois o universo, o mundo e o próprio viver, se mostram muito grandes e complexos para que no intervalo de uma única vida se possa ter todas as respostas.


Nem em toda existência humana até aqui obtivemos as grandes respostas do universo e do objetivo da vida e é muito provável que nunca teremos todas essas respostas.

Desde o descobrimento da lei da gravidade até o de ondas gravitacionais, sempre existe algo além para se aprender e descobrir.


Então ter uma vida cheia de certezas é limitar-se a si mesmo e na pequena existência que cada um tem aqui na terra. Uma frase que eu gosto bastante é (Quando se pensa que sabe de tudo, está errado.)


Sabe aquela pessoa que às vezes nem é tão velha, mas é rabugenta e reclama de tudo, muito provavelmente seja o caso de uma pessoa que envelheceu com muitas certezas na vida.


Sendo assim, não consegue aceitar as mudanças do mundo a sua volta e vive recluso em si mesmo, achando que tem as respostas para tudo e que ninguém o respeita.


Essa é uma maneira muito triste de envelhecer, embora você deva viver de acordo com o que acredite, acha que essa é a única maneira certa só vai te fazer se distanciar cada vez mais do mundo e das pessoas.

Então eu deixo um questionamento, vocês querem se tornar velhos cheios de certezas ou dúvidas?


E quando eu me refiro a dúvidas, não é o não saber, a ignorância. Mas sim a capacidade de entender que existe o diferente e muito mais a se descobrir.

A ironia do exemplo do velho ranzinza é que hoje em dia a maioria dos ranzinzas são jovens, a maioria dos que acham que sabem tudo sobretudo, são jovens. Não sabem conversar, não sabem discutir ideias, tudo é na base do eu estou certo e você errado.


Mas se for para ter alguma certeza, além da morte, eu repito, é que as coisas são o que são, porque foram feitas assim, poderiam ser diferentes, foram diferentes no passado, e serão diferentes no futuro. A maior certeza da vida, é que ela muda.


E o fato de se ter uma juventude cada vez mais cheia de certezas, onde tudo começa e termina em si mesmo, mostra na verdade que embora cada vez mais inteligentes, não entendemos nada da vida.


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