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  • A Mente é Maravilhosa

O oposto da depressão não é a felicidade, é a vitalidade.


Fonte: A Mente é Maravilhosa


O oposto da depressão não é a alegria ou a felicidade, é a vontade de viver. Como a pessoa com depressão não sente apenas tristeza, o que ela percebe é que está presa em um buraco negro onde não entra luz, desejo ou esperança.


O oposto da depressão não é a felicidade, mas a vitalidade. Isso porque o transtorno depressivo não é sinônimo exclusivamente de tristeza. É mais do que isso e, às vezes, mesmo quando sentimos tristeza, nós nos percebemos como pessoas que possuem vitalidade, com vontade de criar coisas e de nos expressarmos plenamente. A depressão, no entanto, nos bloqueia em todos os sentidos, saciando nossa vontade, nosso espírito e, acima de tudo, nossa esperança.


Essa ideia, a da falta de vitalidade, foi posta em evidência pelo escritor e professor de psicologia da Universidade de Columbia, Andrew Solomon, em seu conhecido livro “O Demônio do Meio-Dia”. Nesse trabalho, ele falou da sua própria experiência com a doença e registrou o testemunho de muitas pessoas que, durante anos, conviveram com a depressão.


Algo que aprendemos com este livro e, principalmente, com o dia a dia de quem enfrenta essa condição – em todas as suas formas – é que nos falta força para viver. A depressão é um lamento silencioso de quem sente que lhe falta tudo, de quem não encontra sentido em nada e de quem se sente preso por uma mente e por um corpo sem impulso e sem energia.


Pensar na depressão como algo isolado também nos leva ao erro. Não estamos enfrentando uma gripe, não é uma infecção que pode ser tratada com antibióticos. Quem enfrenta depressão não precisa ser incentivado ou encorajado a rir, porque o que a pessoa vivencia não é apenas tristeza. Precisamos de diagnósticos precisos, abordagens terapêuticas multidisciplinares e de uma maior consciência social.


“O amor não é suficiente para curar a depressão, mas o apego a um ser próximo permite enfrentá-la com maiores chances de sucesso.”

-Andrew Solomon-


O oposto da depressão não é alegria, amor ou felicidade

As pessoas têm uma tendência quase automática de categorizar tudo ao seu redor. Além do mais, frequentemente fazemos isso em termos absolutos. Um exemplo disso é quando pensamos que, se não estamos felizes, é porque estamos tristes; se não estamos calmos, estamos ansiosos ou preocupados. Dentro dessas lógicas, é natural pensar que o oposto da depressão é a felicidade.


Essas abordagens, além de equivocadas, não ajudam, principalmente quando falamos em transtornos psicológicos, pois nesse caso entramos, sem dúvida, em universos pessoais complexos. William Styron, um conhecido escritor americano, escreveu um livro excepcional intitulado “Visível escuridão: memórias da loucura” (1989), onde detalhou este mesmo assunto.


Ele estava gravemente deprimido aos seus sessenta anos.

Styron definiu a depressão como uma chuva cinza que cobria tudo onde ele colocava seu olhar. Ele sentiu a presença da morte ao seu lado, teve a sensação de que alguma parte de seu corpo estava quebrada, mas sem saber qual. Ele também tinha certeza de que seu cérebro o havia pregado um truque maligno para que cada pensamento se voltasse contra ele. Ele experimentou o calor e o frio mais escaldantes, tudo ao mesmo tempo, além de uma solidão exasperante, mesmo quando estava acompanhado.


Olhando para essa descrição caótica, mas nítida, que Styron fez em seu livro, entendemos como a depressão é multifacetada: é uma realidade com tantas nuances, variações e sombras que não faz sentido defini-la apenas como “tristeza”.


Prozac e a busca infrutífera pela felicidade

Em 1988, uma verdadeira revolução ocorreu no campo clínico e na sociedade em geral. Com a chegada dos chamados SSRIs (inibidores seletivos da recaptação da serotonina) e especialmente com a introdução da fluoxetina (Prozac foi seu primeiro nome comercial), muitas coisas mudaram. A mudança mais notável foi que as pessoas ousaram, pela primeira vez, falar sem medo sobre a depressão.


O Prozac pulou das farmácias para as capas de revistas em um piscar de olhos e, de repente, era comum encontrar mais informações sobre doenças mentais. A fluoxetina estava na moda, especialmente depois que o livro “Prozac Nation”, de Elizabeth Wurtzel, foi publicado na década de 1990.


Naquela época, a sociedade passou a ver esse fármaco como a solução para todas as tristezas, preocupações e desânimos. O Prozac era visto como a pílula da felicidade. Isso estava embasado na lógica equivocada de que o oposto da depressão era, mais uma vez, aquele sentimento completo e elevado que é “a felicidade”. Por isso, muitos foram aos centros médicos exigindo esse medicamento para se sentirem melhor.


Agora, os antidepressivos têm efeitos nos níveis de serotonina, geram um maior bem-estar, mas não trazem felicidade. Além do mais, na maioria dos casos, eles nem resolvem o problema.


O oposto da depressão é a vontade de viver

A depressão é mais do que apenas um desequilíbrio químico. É também um distúrbio da mente, do cérebro e do corpo. O Dr. Alexander Glassman, da Universidade de Columbia, ainda ressalta que a depressão também afeta a nossa saúde cardiovascular, a ponto de alguém com depressão ter uma maior probabilidade de sofrer algum tipo de doença cardíaca.


O impacto da depressão é imenso, e sua anatomia é complexa. Mas, mesmo assim, ela permanece tratável desde que estejamos firmemente comprometidos com a terapia, com a mudança dos nossos hábitos, padrões mentais, propósitos e diálogos internos. O objetivo de todo esse processo delicado não é o de recuperar a felicidade perdida, nem abandonar as tristezas.

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